Lendo a matéria "Um teste brutal de fibra para quem quer entrar na faculdade", de Larry Rohter, para o New York Times, escrita em 29 de dezembro de 2000, sobre o vestibular como a única e penosa maneira de ingressar em uma faculdade no Brasil, acabou por me levar parar a consequente questão: como está esse processo uma década depois?
Tal matéria está documentada no livro "Deu no New York Times", do repórter, que oferece seus pontos de vista em diversos momentos como correspondente do jornal norte-americano em nosso país.
Naquela época, como ele mesmo escreve e muitos se lembram, de fato, a única porta de entrada para uma faculdade era o vestibular - salvo engano nem o Pism (vestibular seriado) firmava como opção. Terminado o ensino médio, o garoto, geralmente fazia um ano de cursinho preparatório para então, tentar uma vaga na universidade preterida. Os tempos mudaram e hoje, além do vestibular tradicional temos o já citado Pism, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o Prouni (Programa Universidade para Todos), o Sisu (Sistema Seletivo Unificado) e o sistema de cotas.
Ainda com Rohter, sua matéria enfoca a tensão - pré, durante e pós - na realização das provas e a praticidade na forma unificada de ingresso americana, o Scholastic Aptitude Test, exame com proposta semelhante ao nosso Enem. Por coincidência, o repórter já antecipava o próximo passo de nosso sistema de ensino, mesmo que jamais pudesse antecipar os problemas vividos nesse e no último ano. Quem não se lembra dos vazamentos de provas e da redação do Enem e da lentidão e possibilidade de adulteração de dados pela internet do Sisu. Além da corrupção do Prouni favorecendo alunos fora da abrangência do programa.
Rohter usa um adolescente que fez inscrições para cinco faculdades como exemplo do nível estressante dos vários vestibulares no país. Hoje em dia, a forma de ingresso pode estar mais unificada, mas os problemas vividos pelos estudantes são os mesmos. Conforme o repórter conclui nos comentários: "Mas enquanto essa reforma [do exame unificado] não ocorrer, os estudantes brasileiros, especialmente os pobres, continuarrão a sofrer angústia mental desnecessária e a ser obrigados a gastar dinheiro desnecessariamente" (ROHTER, 2008, pág 131).
Independente das formas de ingresso ou dos valores pagos para as provas, o psicológico do candidato ainda é o maior prejudicial para a definição de quem realmente merece uma vaga. Assim como no exame de direção, o vestibular, para muitos, acaba sendo um exame de controle emocional e não de conhecimento, como se espera.
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