Algumas pessoas dizem que criar as crianças sempre foi do mesmo jeito. Independe de tempo ou até cultura. Não concordo com essa ideia. Não sou especialista e muito menos pai, mas, através dos detalhes é fácil perceber que, com as mudanças na sociedade, há também mudanças em como educar as crianças. Há pouco tempo, presenciei na rua uma cena em que uma avó falava, em tom bastante repreensivo, a seguinte frase com sua filha, que acabara de negar colo para sua menina: "Não é assim que se faz. Criança na rua não se deve contrariar para não ficar chorando. Você acha que nao sei como cuidar de criança?"
A resposta para a pergunta é o mais claro "sim". Imagino que ela tenha dito tais palavras fazendo menção por ter cuidado da mãe da menina há uns 25 anos atrás. Não por incapacidade, mas por inadaptação. Imagine: Você, quando pai ou mãe, irá fazer as mesmas coisas que seus pais faziam quando você ainda era uma criança? Claro que a educação é universal e esta sim, independe do tempo. O que muda é como oferecê-la.
Há pouco tempo, um primo de seis anos passou uns dias em minha casa e para distraí-lo mostrei uns games de PC. Comecei com Medal of Honor: Pacific Assault e depois fui para o Splinter Cell: Chaos Theory (pelos vídeos dá para imaginar que não são recomendados para uma criança). Como só olhar estava um pouco chato, deixei que ele se divertisse com uns jogos para o antigo Super Nintendo. Após umas duas horas, ele, para minha total surpresa, pediu que experimentasse os que eu estava jogando. Para sua idade, tais games são bastante complicados. No entanto, deixei que ele brincasse.
O que isso traz de novo? Há 20 anos atrás, esse não era o tipo de criança que se via por aí. Levanto uma questão que envolve toda essa tecnologia que está presente hoje em dia. Ainda sou do tempo em que era possível brincar na rua. Hoje, ou a criança é atropelada ou corre o risco de levar um tiro ou ser sequestrada. Já ouvi dizer também que deve evitar o contato muito cedo com a televisão e o computador, a fim de não bitolar ou "viciar" a criança. Mas penso se essa é mesmo a tendência.
Em outro momento, estava na casa de uns amigos e o filho mais novo, de uns quatro anos, sentou em frente ao PC, abriu o navegador e, não me lembro se já estava no Favoritos ou se ele achou no buscador, começou a jogar um game em Flash. Quatro anos. Isso me leva ao pensamento: Devemos evitar a tecnologia ou apenas deixar que ela entre de maneira espontânea? Não acredito que aquele tipo de resposta: "Tem que maneirar" ou "tudo tem hora", caiba nesse caso. Ou deixe o futuro entrar ou feche as portas de seu filho para essa "corrida tecnológica".
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