Domínio da pirataria virtual e a "profissão" de uploader

Recentemente, vi essa matéria na Folha.com - "Cem usuários dominam dois terços da pirataria virtual, diz pesquisa" - e me recordei de umas entrevistas com uploaders e com talvez, o maior disponibilizador de arquivos na internet, aXXo. Segundo tal estudo, dos milhões de usuários da grande rede, apenas cem são responsáveis pela publicação de 66% do conteúdo disponível nas redes de compartilhamento de arquivos ilegais e por 75% dos downloads. Nesse caso, as redes são a P2P e o compartilahmento por torrent.

É bastante curioso esse resultado, visto que falamos de internet, aquele lugar onde qualquer pessoa pode disponibilizar o que quiser e falar o que bem entende. Mas, também deve ser sabido que, para compartilhar um arquivo, por mais simples que possa ser, é privilégio de poucos, principalmente nas redes de compartilhamento. Em 2007, o TorrentFreak entrevistou o maior uploader, ou ripper - pessoas que disponibilizam arquivos na rede - que já passou pela internet: aXXo.

O codinome pode ser visto em inúmeros filmes, principalmente, que se encontra na rede. Ao digitar na barra de procura de qualquer site que busca torrent, com certeza, os arquivos com mais sementes (mais pessoas compartilhando) possuem sua assinatura (veja imagem). Segundo a entrevista, o uploader prefere compartilhar os filmes com boa qualidade de imagem, os chamados DVDrip, com tamanho aproximado de 700 mb.

Ele conta que começou a compartilhar com 15, 16 anos e pelo simples motivos de que todos têm o direito de ver os filmes que ele tinha. Não, ele não recebe pagamento ou tem patrocínio. Até porque, disponibilizar arquivos com copyright (propriedade intelectual) na rede é interpretado como crime. Apesar da lei em todo o mundo ser bastante ineficaz quanto ao assunto. Em matéria da Trip, aXXo é responsável por 33% de todos os filmes postados na net.

Nessa matéria, a revista brasileira entrevista vários uploaders, em busca dos reais motivos para tal façanha. Com o subtítulo de "Já pensou em quem disponibiliza o filme ou a música que você baixa?", a reportagem traz 18 pessoas que falaram um pouco da vida que levam, ou do hobby. “Acho absurdo você ter que pagar R$ 100 num DVD de um filme... se os valores fossem mais acessíveis talvez não houvesse pirataria. Sempre que eles fecham um site de download, aparecem outros dez. Faço upload há dois anos e o que me motiva a lançar mais é o agradecimento dos usuários”, disse um técnico de informática de 19 anos.

Outro definiu a atividade como simplesmente puro lazer: "Upar não é um business, é um hobby." Outro atribui a atividade como difusora de cultura. "“Em geral passo todo meu tempo livre ‘subindo’ material para a rede. Gosto de compartilhar conteúdo na internet porque pessoas podem ter acesso a cultura e conhecimento sem gastar nada", disse, explicando que mora na Suécia e que lá existem milhões de uploaders. Na verdade, naquele país, também existe um partido político com a ideologia de criar um país pirata, onde o compartilhamento de arquivos seja livre.  

Certo ou errado, somente a lei pode dizer. No entanto, essa iniciativa de liberdade de conhecimento é bastante louvável, principalmente com essa integração de redes sociais e censura que alguns países vêm impondo á internet.