sexta-feira, 22 de abril de 2011

Documentário sobre a pornochanchada na Boca do Lixo

Nada de sexo explícito. O que começou com um cinema de baixíssimo custo com mulheres nuas e cenas insinuantes, introduziu boa parte do que o cinema brasileiro é hoje. Pra quem pensa que a pornochanchada é referente a filmes pornográficos, está errado. Na verdade, a decadência do gênero veio justamente com a chegada dos pornôs americanos no país, durante o período da ditadura.

A pornochanchada foi comum na década de 1970, tendo na região paulistana conhecida como Boca do Lixo, um dos seus maiores afluentes. Entre os atores que foram revelados no gênero, estão Sônia Braga, Nádia Lippi, Antonio Fagundes, Reginaldo Faria e Vera Fischer. O documentário "Do Triunfo à Queda do Império Vitoriano", que retrata esse período, foi feito em 2010 por alunos da Universidade Metodista de São Paulo.

Exemplo de honestidade é raro no Brasil, mas existe...

O motorista de ônibus Joilson Chagas, de 31 anos, encontrou uma pacote com um celular, documentos e a quantia de R$ 74.800,00 no coletivo em que trabalha. Ele tem um filho de 14 anos, uma esposa grávida e perdeu a casa nas chuvas no Rio de Janeiro. Poderia ser a solução para seus problemas, mas, ao contrário de comprar uma casa nova, quitar dívidas, investir na educação dos filhos ou gastar o dinheiro com futilidades, ele devolveu.

Sim, isso aconteceu no Brasil. A quantia era de um agricultor que havia vendido o carro para pagar um tratamento de saúde para a filha. O motorista ainda recurou R$ 2 mil de recompensa. É minha gente, existem pessoas honestas. E como ele disse, "é bom a gente usufruir do que é nosso." Os mensaleiros e corruptos de Brasília podiam tomar ele como exemplo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

'Meia Hora' se supera na luta contra o crime

"Policial que prender três vagabundos pede música no Meia Hora". Com a manchete de sábado, o jornal direcionado para as classes C e D chegou em um patamar de criatividade difícil de ser alcançado. Beirando o cômico, mas chamando a atenção para um problema real - a violência - o Meia fez uma alusão ao quadro esportivo já consolidado no Fantástico para lançar sua própria versão da campanha. Inclusive com o vídeo do policial pedindo a tal música, que foi o hino da Polícia Militar.

Com bom humor, apelação na imagem de crimes ou situações constrangedoras, uma coisa ninguém pode negar: a criatividade do jornal é fora do comum. O jornalista Roberto Kaz escreveu a matéria "Mulher Filé dá capilé a repórter nerd" para a revista Piauí e revelou o processo de criação de uma das manchetes mais brilhantes: "Depois da briga e da separação. Luana não tem mais [foto de Dado] em casa."
"A notícia já havia sido divulgada em blogs e sites na noite anterior, mas para o Meia Hora, o tablóide carioca que vive de manchetes bem-humoradas e abordagens inusitadas, ainda era a melhor opção para a primeira página do dia seguinte. 'Tenho que perfumar as notícias todos os dias', disse o editor-executivo Henrique Freitas. Era preciso bolar um título que, além de requentar a fofoca, fosse intrigante e fizesse os leitores rirem. A resposta veio em uma mensagem enviada por um dos editores, Humberto Tziolas, que havia passado a noite em claro pensando em uma saída. 'Genial. Vou manchetar isso', disse Freitas ao abrir sua caixa de e-mails. O 'isso' em questão era: 'Luana não tem mais Dado em casa', diz o trecho da reportagem.

Além do humor, a interatividade com o leitor é alta e séria. Com a subida das Forças Armadas e da polícia nas operações de pacificação nos morros cariocas, o jornal estampou o rosto dos foragidos e telefones para que a população pudesse fazer denúncias. Para alguns pode não estar de acordo com o dito "jornalismo sério", mas cumpre bem o papel de informar e levar a mensagem diretamente, prestando um serviço público diferenciado. Em qualquer jornal impresso a função da capa é vender o jornal. No início do ano, o Instituto Verificador de Circulação (IVC) divulgou uma pesquisa que colocou o Meia Hora na sétima colocação de jornais mais vendidos do país, com média de 157.654 edições naquele ano. A fórmula está funcionando.

Na continuação, algumas capas do jornal

domingo, 10 de abril de 2011

Mídia encontra seu motivo para o massacre em Realengo

Na busca incessante por uma explicação para o massacre ocorrido na semana passada em uma escola municipal em Realengo, Rio de Janeiro, em que um ex-aluno matou 12 crianças e deixou outras tantas feridas, finalmente a mídia encontrou a motivação para o crime. Em matéria veiculada pelo Globo, os repórteres citam, a partir das investigações policiais e quebra de sigilo eletrônico, que o atirador Wellington Menezes de Oliveira, 23, postava em um blog "mensagens desconexas sobre religião e jogos como GTA e Counter Strike (CS)".

Até aí tudo bem, são informações adicionais sobre o acontecimento. No entanto, a explicação "jornalística" que segue é um claro exemplo de sensacionalismo e total falta de informação sobre os games em questão. "(...) os investigadores conseguiram rastrear um blog feito por Wellington, que usava a página na Internet para disseminar mensagens desconexas sobre religião e jogos como GTA e Counter Strike (CS), onde o jogador municia a arma com auxílio de um Speed Loader, um carregador rápido para revólveres, usado por ele no massacre de alunos na Escola Municipal Tasso da Silveira. Nos dois jogos, acumula mais pontos quem matar mulheres, crianças e idosos", diz o trecho da matéria.

Pra qualquer um que tem um senso de crítica um pouco mais apurado, entende que as informações são equivocadas e tendem a encontrar um motivo para o massacre. A simples explicação de que não houve motivo "pão e circo" para o ataque ou, que nunca será descoberto, não satisfaz a mídia. Lembremos que, além dos games, nessa semana, tiveram também o bullying, o islamismo e o "isolamento" do atirador. Outra questão, levantada pelos sites de games Gizmodo e Kotaku, é que, simplesmente, a informação sobre os jogos está errada. Não existiria Speed Loader no Countyer Strike e muito menos matar mulheres, crianças e idosos acumularia pontos nos jogos.

Em outra matéria, publicada pela Veja, os depoimentos dos personagens também fazem alusão à vida reservada de Wellington e sua ligação com os jogos online. "A infância de Wellington aconteceu quase inteira dentro de casa. A vizinha de muro Deise dos Santos, de 59 anos, consegue ver a casa onde Wellington passou a infância e a adolescência. 'Ele brincava no quintal, sozinho', conta. Mais velho, ele descobriu a internet e, a partir daí, formou-se de vez o seu casulo. Na Rua Jequitinhonha, Guilherme Boniole, de 28 anos, foi o único que disse que conversava com Wellington, principalmente quando os dois eram testemunhas de Jeová. 'Falávamos sobre jogos de computador. Ele gostava de Counter Strike (jogo de tiros)', revela Guilherme", diz o trecho da reportagem.

Mesmo com a explicação pífia e tendenciosa sobre o jogo, essa informação acrescenta ao perfil do atirador. Para os mais xiitas que pensam que a mídia culpa jogos eletrônicos por qualquer massacre ocorrido no mundo, deve reconhecer que, se um assassino tem a presença frequente em jogos violentos, isso é um traço de seu caráter. Ninguém pode garantir que o game teve influência em suas ações. Mas também ninguém pode dizer que não teve.

O errado é jogar a culpa em um jogo eletrônico e penalizar toda uma geração, conforme Projeto de Lei 7320/10, de autoria do deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR), que tramita na Câmara Federal. Nele estão previstas a proibição da produção, da importação, da comercialização e da locação de jogos com cenas de nudez, sexo, pedofilia, violência ou apologia a crimes. Segundo a Info Online, o autor argumentou que os videogames violentos podem estar formando uma geração de pessoas "insensíveis ao sofrimento".

Queria ver um deputado proibir as cenas de nudez e violência no cinema brasileiro, novelas, programas de auditório e programas policiais sensacionalistas. Ou mesmo tentar barrar a entrada de filmes hollywoodianos com essas características no Brasil.

Confira alguns casos em que os games foram culpados por ações criminosas:

Câmara fecha o cerco contra games violentos
A construção de um monstro: na infância, humilhações e solidão; na juventude, jogos de tiro no computador
GTA é proibido em todo o mundo, segundo determina liminar brasileira
Army os Two estimulando encontros homossexuais
Projeto de Lei do Senado n° 170/06 volta a ameaçar os video games no Brasil
Counter Strike e Everquest estão proibidos no Brasil
Mídia culpa propagandas de GTA IV por assassinatos em Chicago
TV Record acusa games de propagar a violência 
Governo Venezuelano culpa Games por violência e bane jogos com armas do país

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Entenda o porquê, ou não, de se divulgar "suicídio"

O post é um copy da matéria escrita por Izabela Vasconcelos, no Comunique-se, que expõe uma difícil questão do jornalismo: noticiar suicídio.

Suicídio: como e quando noticiar?

Muitos evitam, outros deixam o suicídio subentendido. Com a divulgação da morte do apresentador Gilberto Scarpa e de sua namorada, a atriz Cibele Dorsa, o assunto voltou à mídia. A morte do casal foi notícia em quase todos os veículos, a maioria usando a palavra suicídio no corpo do texto. No entanto, recentemente, O Estado de S. Paulo noticiou suicídio no título das matérias “Judoca medalhista olímpica comete suicídio na Áustria” e “Polícia do Rio abre inquérito após suicídio em delegacia”, mas o assunto ainda é polêmico na imprensa.

O secretário de redação da Folha de S.Paulo Vinicius Mota diz que o tema “recebe o mesmo tratamento dispensado a qualquer objeto potencial de notícia” do jornal. O Manual da Redação do veículo orienta o jornalista a não omitir "o suicídio quando ele for a causa da morte de alguém".

O poder da mídia
No entanto, de acordo com especialistas, a notícia pode influenciar pessoas vulneráveis e alguns cuidados devem ser tomados. “Pode influenciar sim, não há certeza do grau de influência, mas o assunto é sério o suficiente para que não se experimente. Há também a preocupação de poupar os sobreviventes que podem estar em grande sofrimento e podem ter uma exposição pública que pode aumentar ainda mais a sua dor”, afirma a Dra. Maria Júlia Kovács, autora do livro “Morte e desenvolvimento humano”, professora e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Instituto de Psicologia da USP.

Um exemplo é o que aconteceu em Viena na década de 80, quando o metrô da cidade registrou 22 casos de suicídio em 18 meses, após uma cobertura sensacionalista de um incidente em 1986. Com o aumento das mortes, a imprensa e Associação Austríaca para a Prevenção do Suicídio desenvolveram um manual sobre como os profissionais deveriam abordar o assunto. Com a nova orientação, a taxa de suicídio no metrô austríaco caiu 75% em cinco anos.

Veja abaixo algumas orientações da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) sobre como e quando noticiar esse delicado assunto: